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VOLUME 1
1. NOTA INTRODUTÓRIA
Nos pontos que se seguem, apresenta-se uma caracterização geral
da oferta e dos padrões de consumo dos diferentes meios de comu-
nicação, traçada a partir da sistematização e da análise de dados de
consumo divulgados pelas seguintes fontes: ANACOM - Autoridade
Nacional das Comunicações, APCT - Associação Portuguesa para o
Controlo de Tirageme Circulação, INE - InstitutoNacional deEstatística,
Marktest, GFK e CAEM - Comissão de Análise de Estudos de Meios.
No primeiro ponto, sobre televisão, é analisada informação relativa
ao mercado, estrutura de programação e acesso ao serviço em
Portugal, sendo ainda descritos os consumos e as audiências dos
serviços dos programas generalistas, do «cabo/outros» ou da «pay
TV/outros» (categoria que, para além dos canais de subscrição,
engloba os serviços de vídeo, videojogos e outros equipamentos
periféricos). No ponto consagrado à rádio, descreve-se sumariamente
a paisagem radiofónica em Portugal, o tempo médio de audição e o
share
de audiência dos vários grupos e estações de rádio. No ponto
dedicado à imprensa, é analisada a circulação dos vários segmentos
editoriais e a sua evolução nos dois últimos anos. No último ponto,
são analisados os consumos de internet.
Os dados das fontes consultadas –pela sua natureza intrínseca, bem
como pelas amostragens emetodologias subjacentes à sua obtenção
– não possibilitam leituras cruzadas e, consequentemente, uma
compreensão integrada da temática tratada. No entanto, não se ignora
que, por via do desenvolvimento digital e da valorização económica
de determinados conteúdos, a paisagemmediática sofreu rápidas e
dramáticas transformações, com impacto nas estruturas programá-
ticas e na disponibilização de conteúdos, emdistintas (mas também
entrecruzadas) plataformas, o que se reflete em dietas de
media
caracterizadas pela utilização combinada de mais do que ummeio.
2. 2014: A CONSOLIDAÇÃO DA ÁREA DIGITAL
O ano de 2014 ficoumarcado pela consolidação damarca NOS, resul-
tante da fusão entre a Zon (televisão por subscrição) e a Optimus
(comunicações móveis), e pela extinção da mais antiga operadora
de comunicações móveis portuguesa, a TMN, que foi absorvida pela
marca MEO (televisão paga). Estas duas operações no mercado,
reforçarama importância dos operadores tradicionais de comunica-
ções eletrónicas na reconfiguração do sector dos
media,
face à in-
dissociabilidade entre plataformas/redes e conteúdos.
Por outro lado, estas operações tiveramtambémcomo consequências
diretas, a convergência de clientes provenientes das várias marcas
e o desenvolvimento de uma oferta integrada de serviços (que en-
globam as comunicações móveis e fixas, a televisão e a internet),
que vai ao encontro dos interesses do consumidor final.
A ANACOM estima que, no final de 2014, 80 % dos assinantes da te-
levisão por subscrição, aderiramsimultaneamente a outros serviços,
tendo decrescido o número de clientes exclusivo de televisão, e que
92,7 % dos clientes do serviço de acesso à internet em banda larga
fixa adquiriram este serviço no âmbito de um pacote de serviços.
No mesmo período, o número de assinantes do serviço de televisão
aproximou-se dos 3,35 milhões, ao mesmo tempo que subiu a taxa
de penetração do serviço de acesso à internet em banda larga, fixa
(37,2 %) emóvel (46,1 %). Destes universos de subscritores, eviden-
ciam-se as posições da NOS e da Meo nos mercados respetivos. No
segmento da televisão por subscrição, o Grupo NOS detinha uma
quota de 44 % e a MEO outra de 42,2 %. No que se refere às quotas
de acesso à internet em banda larga fixa, a MEO possuía uma quota
de 48,5 % e a NOS uma fatia do mercado de 35 %.
Outro aspeto emdestaque prende-se como crescimento da utilização
da internet embanda largamóvel, que aMarktest associa ao telemóvel
e à taxa de penetração de
smartphones
. Segundo os dados divulgados
pela Marktest, no final do ano passado, mais de metade dos possui-
dores de telemóvel jáutilizavam
smartphones
(52,4 %); o que equivale
a um crescimento de cerca de 10 % face ao trimestre homólogo.
A estrutura da oferta televisivamolda-se às características dos novos
serviços de programas, salientando-se, nos últimos anos, a aposta
em futebol e no cinema como conteúdos
premium
. Por seu turno,
entre os programasmais vistos, em2014, dos serviços de programas
generalistas
free to air
, encontram-exclusivamente jogos de futebol.
Esta análise permite também vislumbrar as respetivas estratégias
de programação: o caráter complementar da programação da RTP1
e da RTP2, comapostas claras, mas diferenciadas, nasmodalidades
desportivas; a ficção, através das telenovelas de produção nacional
e brasileira, na SIC; o
reality show
Casa dos Segredos e a ficção na-
cional na TVI.
É inquestionável que as várias plataformas tecnológicas disponibili-
zadas atualmente, aliadas à propensão do próprio consumidor para
a área digital, irão provocar alterações profundas na experiência de
visionamento de conteúdos televisivos, criando um enorme desafio
RELATÓRIO DE REGULAÇÃO 2014
OFERTA E CONSUMOS DE
MEDIA