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ERC – Relatório de Regulação 2016 · Volume II

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Existência de sensacionalismo:

Esta variável resulta

de um conjunto de indicadores previamente definido

que tem como objetivo global contribuir para a avaliação

da isenção e do rigor informativo. Considera‑se

sensacionalista o tratamento jornalístico que visa criar

ou acentuar sensações e emoções nos telespectadores,

nomeadamente sem haver uma relação factual com os

acontecimentos e problemáticas reportadas. As variáveis

utilizadas para o caracterizar são as seguintes:

1. Exploração de sensações através da captação/

edição de imagens:

Localiza excertos das peças em

que o operador recolheu e/ou editou as imagens

alterando a sequência real dos acontecimentos e/ou

o seu significado manifesto, associando um sentido

emotivo à narrativa visual;

2. Exploração de sensações através do recurso a

música/sons:

Identifica a utilização de elementos

sonoros (música, outros efeitos pós‑produzidos)

inexistentes no momento da captação das imagens/

sons do acontecimento pelo operador, e que conferem

um sentido emotivo à peça;

3. Destaques gráficos/bolachas com estilo apelativo:

Reconhece as peças em que existem elementos

gráficos atrativos com uma função de aliciamento

sobreposta à função de informar;

4. Presença de

fait‑divers

:

Identifica o tratamento

jornalístico em que a narração dos factos é feita

através do seu lado inusitado ou pitoresco. Os temas

são apresentados de forma ligeira, salientando‑se

a curiosidade ou a comicidade do acontecimento;

os atores são caracterizados por uma característica

privada ou íntima ou, se pública, através de um

aspeto caricato ou bizarro;

5. Reconstituições utilizadas para produzir sensações:

Assinala a utilização de reconstituições de cenários/

cenas pelo operador com recurso a encenações

ou a representações gráficas, apenas se estas

manifestamente potenciarem a exploração de

sensações no telespetador, pelo modo como são

construídas e apresentadas.

Elementos pornográficos:

Reconhece imagens e

discurso verbal de cariz erótico ou sexual, ou seja, uma

exposição ostensiva, insistente e descontextualizada no

relato do acontecimento.

Elementos violentos:

Reconhece imagens e discurso

verbal de cariz violento nas peças editadas e nos

diretos. A referência para a identificação destes

elementos é o conceito de «violência gratuita»; as

manifestações mais extremadas, físicas ou psicológicas

abrangentes de comportamentos que atentam

e a opinião, baseada em afirmações qualificativas, no

uso de adjetivos e na defesa de argumentos finalizados,

projetados em conclusões. Testa o cumprimento do

dever do operador televisivo de, nos seus serviços

informativos, distinguir a informação da opinião

de forma inequívoca aos olhos do público.

Rigor na identificação das fontes de informação:

Avalia a exatidão do operador ao explicitar a origem da

informação veiculada na peça. Considera‑se que existe

identificação total se o nome, a pertença institucional e

o cargo ou função forem referidos. Distingue a

ausência

total de referências a fontes de informação

, a sua

identificação parcial

, a

identificação de todas as fontes

mencionadas

, do

recurso explícito à confidencialidade

.

Elementos indicativos de falta de rigor na identificação

das fontes de informação:

Com o objetivo de explorar a

falta de rigor na identificação das fontes de informação,

conceptualizou‑se este indicador que se baseia no

conteúdo manifesto das peças. Definiram‑se as

seguintes seis categorias de

elementos indicativos de

falta de rigor na identificação das fontes de informação

:

1. Utilização de imagens captadas/fornecidas por

terceiros sem especificação da sua origem;

2. Autorreferência do canal como forma de atribuição

da informação

(manifesta em expressões como

«a

RTP

sabe»; «a

SIC

apurou»; «A

TVI

tem a

informação»);

3. Generalização de informações

(por exemplo,

informações cujo conteúdo corresponde a

generalizações que não são sustentadas em qualquer

fonte de informação referida na peça: «Há cada vez

mais portugueses»; informação baseada em números

sem referência à sua fonte: taxas de juros cuja fonte

não é especificada; fontes de informação referidas de

forma genérica/indeterminada: «segundo a imprensa

internacional»);

4. Fontes de informação sem qualquer identificação

(as declarações são reproduzidas sem que a peça

tenha elementos suficientes para as identificar, nem

contextualizar, como por exemplo fontes em discurso

direto ou documentos citados sem que seja possível

reconhecer a sua origem);

5. Cidadãos comuns sem indicação do nome

(cidadãos

comuns entrevistados como fontes de informação,

sem que seja referido o seu nome, ou outro modo

de identificação clara);

6. Outros elementos indicativos de falta de rigor

(incluem‑se os casos de identificação parcial

de outras fontes).