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ERC
• VOLUME 1
Os resultados da monitorização com base nesses indicadores re-
metem apenas para as peças das amostras de 2009 a 2011
.
336.
No que diz respeito ao
modo de identificação dos menores
verifica-se uma tendência semelhante em todos os blocos infor-
mativos: em 70 % a 80 % das suas peças não se faz qualquer refe-
rência ao nome das
crianças
e
jovens
que representam. Nos res-
tantes 20 % a 30 %, o modo de identificação mais utilizado no ser-
viço público é
o verdadeiro primeiro nome
do
menor
, enquanto nos
privados, se identifica mais
o primeiro nome e nome de família
verdadeiros
.
337.
Relativamente à
identificação dos menores a partir do
local
onde residemou permanecem
, verifica-se que entre 62 % a 75 % das
peças o omitem. Nos casos em que essa identificação é feita, o
concelho/distrito
é omais referido por todos os serviços informativos,
ou seja, os locais que remetempara umnível maior de especificação
como o
bairro
, a
freguesia
, a
rua
e
casa
onde o
menor
habita/perma-
nece são referidos ou mostrados commenos frequência.
338.
Outra característica comum a todos os blocos informativos é
o facto de, namaior parte dos conteúdos emque aparecem
menore
s,
estes não prestarem declarações, isto é, aparecem representados,
mas não através do seu próprio discurso. Os
menores
são consulta-
dos como
fontes
sobretudo quando os assuntos reportados os en-
quadramem
situações de lazer
, na condição de
alunos
, em
contexto
familiar
e quando são destacadas as suas capacidades em alguma
atividade ou acontecimento.
339.
Emcerca de 60 % das peçasmonitorizadas entre 2009 e 2011
verificou-se que os operadores não utilizam qualquer
técnica de
ocultação
para protegerema identidade das
crianças
e
jovens
nelas
presentes. Em26,5 % das peças analisadas nas amostras de blocos
noticiosos do horário nobre dos três anos não foram identificadas
imagens de menores, ou seja, a maior parte das peças analisadas
(73,5 %) mostra esses menores.
Naminoria de peças emque às imagens dos
menores
são aplicadas
técnicas de ocultação
, verifica-se que a mais comum é
planos de
detalhe
, recurso utilizado em conteúdos de todos os serviços infor-
mativos.
340.
Na maioria das peças do Telejornal e dos operadores privados,
as
crianças
e
jovens/adolescentes
identificados são apresentadas
como
centrais
ao conteúdo das peças, comenfoque na ação desen-
volvida pelos
menores
ou em torno dos mesmo. Já nos blocos infor-
mativos da RTP2, pelo contrário, a tendência predominante permitiu
verificar que os
menores
surgemsobretudo comuma representação
secundária
. Menos comuns em todos os serviços informativos são
as peças emque os
menores são referidos / estão presentes
de forma
figurativa
,
sem relação direta com o conteúdo
das peças.
341.
Tendo emconta a
condição
emque são representados
, verifica-
-se que, namaior parte das peçasmonitorizadas nos anos emanálise,
os
menores
aparecem fundamentalmente
emsituações de lazer
,
em
contexto escolar
e como
vítimas de crimes
. No Telejornal e nos blocos
informativos dos serviços de programas privados, essas são as três
condições
emque osmenores surgemcommaior frequência, sendo
que, nos blocos informativos da RTP2, a sua representação como
vítimas de guerras / catástrofes naturais
destaca-se, embora os
menores
inseridos
emcontexto escolar
e
vítimas de crimes
também
apresentem visibilidade frequente nas peças.
342.
Das 1 614 peças emque, nos últimos quatro anos (2008–2011),
foram representados — em imagem, texto, ou de ambas as formas
—
menores
, mais demetade reportaram-nos em
situações de perigo
e vulnerabilidade física ou psicológica.
Emtermos relativos, verificou-
-se que a RTP2 (cujos blocos informativos foramanalisados apenas
a partir de 2009) é o serviço de programas quemais apresenta esse
tipo de representação, sendo que quase 65 % das peças referiram
menores
nessas condições.
Comum a todos os blocos informativos é o facto de mais de 60 %
dos
menores emperigo/vulnerabilidade
representados nas amostras dos
últimos quatro anos serem
crianças
. Os daRTP2são os que, emtermos
de número de peças, dão menor visibilidade a conteúdos que repre-
sentamo grupo dos
adolescentes e jovens emperigo/vulnerabilidade
.
343.
Nos blocos informativos privados, os
menores
surgemmaiori-
tariamente como
vítimas de crimes
, nomeadamente relacionados
com violência sexual (pedofilia, violações). Na RTP2, destacam-se
menores vítimas de guerras e catástrofes naturais
, sendo as
vítimas
de crimes
a segunda condição mais evidenciada no bloco noticioso
do horário nobre. Na RTP1, embora as
vítimas de crimes
se salientem
ligeiramente mais, os
menores vítimas de guerras e catástrofes
naturais
apresentam uma representação que se aproxima daquela.
344.
A representação de
menores vítimas de guerras e catástrofes
naturais
na amostra acumulada foi fortemente influenciada pela
cobertura jornalística realizada por todos os blocos informativos em
2010 (nomeadamente de um sismo no Haiti), embora —na RTP2 e
na RTP1—o impacto das peças de 2011 tambémtenha refletido um
reforço na visibilidade dessa
condição
no acumulado dos anos.
Deve referir-se que a saliência da representação enquanto
vítimas
de crimes
no total de peças é influenciada sobretudo pelos conteúdos
emitidos em 2008 e 2010, mas de forma mais acentuada na TVI.
Na amostra acumulada do Jornal Nacional / Jornal das 8, verificou-se
que as peças de 2011 justificaram um aumento da representação
dos
menores
em perigo na
condição
de
agressores/ilícitos/detidos
,
tendo acontecido o mesmo na informação da RTP1 e da SIC, mas de
forma menos acentuada.
Um traço distintivo da amostra da SIC é o facto de registar uma re-
presentação acentuada de
menores envolvidos emcasos de justiça
,
RELATÓRIO DE REGULAÇÃO 2011