Experiência: "TV na Maior"

Título da Experiência

TV na Maior


Estabelecimento de Ensino

Escola Secundária de Santa Maria Maior


Referência a um professor responsável

Cláudia Santos


Experiência colocada em prática desde janeiro de 2019?

Projeto criado em 2016 e colocado em prática todos os anos letivos desde então.


Descreva brevemente a experiência

A TV na Maior é um canal de televisão escolar com produção de noticiários, reportagens, trabalhos de entrevista e documentário, revista de imprensa e crítica literária, fruto da parceria entre a Biblioteca Escolar e o Curso Profissional de Audiovisuais.


Experiências realizadas com alunos com idades entre os 6 e os 18 anos

15-18 anos


Disciplinas implicadas

Disciplinas do Curso Profissional de Técnico de Audiovisuais, Português, todas as disciplinas envolvidas na conceção e na realização de notícias e reportagens (articulação continuada com os Departamento de Línguas Estrangeiras, Português, Ciências Sociais e Humanas, Matemática e Ciências Experimentais).


Quais foram os objetivos de aprendizagem?

Este projeto visa essencialmente dotar os nossos alunos de competências que lhes permitam ser mais responsáveis, críticos e éticos enquanto consumidores e produtores de conteúdos mediáticos. Assim, o projeto desenvolve-se em torno de três objetivos fundamentais: - Desenvolver competências de leitura e expressão - escrita, oral e multimédia - e competências na área da literacia da informação, com vista ao incremento do espírito crítico e reflexivo e de formas de comunicação responsáveis, esclarecedoras e éticas. - Utilizar de forma criativa e informada uma variedade de média, ferramentas digitais e ambientes sociais para criar e comunicar ideias com rigor e eficácia e interagir com diferentes audiências. - Consolidar hábitos de utilização da biblioteca e dos seus recursos de forma orientada e autónoma, encarando-a como uma estrutura que potencia o saber e proporciona oportunidades de aprendizagem através de ações para o desenvolvimento das literacias da leitura, da informação e dos média nos novos ambientes tecnológicos e colaborativos. O nosso objetivo geral é a melhoria das aprendizagens dos alunos, através do desenvolvimento da literacia dos média e com recurso a estratégias de aprendizagem ancoradas na metodologia de projeto. Pretendemos, assim, trazer para a escola uma cultura de convergência mediática, fomentando o desenvolvimento das competências transversais ao currículo enunciadas no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória. A saber: - procura, avaliação crítica e tratamento da informação; - utilização ética, responsável e crítica da informação em diferentes suportes; - reconhecimento e respeito pelos direitos de autor; - conhecimento e reprodução das estruturas e características de diferentes géneros jornalísticos; - competências de expressão escrita e oral; - espírito crítico, da autonomia e da criatividade; técnicas de produção audiovisual (filmagem, edição de vídeo e sonoplastia).


Qual foi a origem desta proposta?

Este projeto surgiu no contexto de desenvolvimento da intervenção da Biblioteca Escolar na escola e da necessidade de criar para os alunos oportunidades de aprendizagem inovadoras que lhes permitissem adquirir, de forma integrada, competências na área das literacias da leitura, da informação e dos média. A sua conceção teve por base as orientações constantes nos documentos Referencial de Educação para os Média e Referencial Aprender com a Biblioteca Escolar, sendo que este último documento aponta a Literacia dos Média como uma das áreas de intervenção da Biblioteca Escolar, juntamente com a Literacia de Leitura e da Informação. Neste sentido, a Biblioteca Escolar lançou o desafio à equipa técnica do Curso Profissional de Técnico de Audiovisuais e, em colaboração, foi desenhado o projeto de criação de um canal de televisão escolar. A concretização do projeto foi possível graças ao apoio financeiro da Rede de Bibliotecas Escolares no âmbito da candidatura Ideias com Mérito.


Que metodologias foram utilizadas?

A operacionalização prática exigiu um trabalho colaborativo intenso entre biblioteca escolar e o curso de audiovisuais, para organizar o processo de aquisição do equipamento, a montagem do estúdio, a constituição das equipas de trabalho e os momentos de formação informal que lhes vamos proporcionando.

O trabalho organiza-se entre duas equipas:

- a equipa de jornalistas, constituída por alunos de diferentes cursos do ensino secundário que produzem os guiões de entrevista e reportagem, redigem os textos, fazem as vozes-off e os pivôs dos noticiários, num trabalho coordenado pela professora bibliotecária;

- e a equipa técnica, constituída pelos alunos do curso de audiovisuais que asseguram a filmagem, a edição dos programas e o design do canal. Este trabalho técnico desenvolve-se essencialmente em contexto de sala de aula e é orientado pelos professores das disciplinas técnicas do curso.

Apesar do núcleo dinamizador ser constituído por 3 professores, temos estabelecido muitas parcerias com professores de outras disciplinas, até com Conselhos de turma inteiros, como foi o caso das séries Palavras Revistas ou Livros no Sofá. Há também parcerias pontuais com entidades exteriores à escola, como o Geoparque Litoral de Viana do Castelo."


Se um professor de outro estabelecimento de ensino estivesse interessado em replicar a iniciativa, como a explicaria?

Diagnóstico (Que dificuldades detetamos nos alunos ao nível das competências transversais constantes no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória?)

Definição dos objetivos (onde queremos que os nossos alunos cheguem em termos de aprendizagens?)

Elencagem dos materiais/equipamentos necessários.

Seleção do equipamento/recursos a adquirir.

Montagem do estúdio.

Motivação das turmas do Curso Profissional de Audiovisuais. Produção da imagem identitária da TV (logótipo, fundos para green screen, genéricos para os programas).

Casting para as equipas de jornalistas e repórteres.

Formação dos alunos com colaboradores externos (jornalista de televisão e técnico de imagem).

Reuniões regulares entre a professora bibliotecária e os professores da equipa técnica para planificação do trabalho a realizar.

Criação da página web do canal com a colaboração de uma docente de Informática.

Reuniões frequentes entre a professora bibliotecária e os alunos da equipa de jornalistas para alinhamento de noticiários, produção de textos de notícia, reportagem ou guiões de entrevista. O trabalho dos alunos da equipa técnica desenvolve-se em contexto de sala de aula.

Por exemplo, a publicação mensal de noticiários, implica as seguintes etapas: consulta do Plano Anual de Atividades da Escola para seleção das atividades a noticiar; recolha de imagem e de depoimentos/entrevistas; alinhamento das notícias, produção de textos para voz-off e do texto do pivô; gravação do pivô; edição de vídeo; publicação na página web da TV na Maior e nas redes sociais da biblioteca escolar. Muitas vezes, os textos das notícias são feitos com o apoio de alunos e professores extra equipa da TV. Por exemplo, as notícias sobre a Semana da Ciência e Tecnologia são produzidas pelos alunos dessa área, com o apoio dos respetivos professores. A produção de reportagens ou revistas de imprensa tem implicado nos últimos anos a participação de turmas inteiras, no âmbito do Domínio de Autonomia Curricular."


Como é que o uso *da tecnologia* enriqueceu ou melhorou a aprendizagem  dos alunos?

O uso de equipamentos audiovisuais e de ferramentas de edição potenciou a aprendizagem dos conteúdos técnicos que constituem o objetivo fundamental do curso de audiovisuais.

Os alunos da equipa de jornalistas e todos os que colaboram na produção de conteúdo usam as ferramentas digitais essencialmente para a pesquisa e seleção de informação, o que lhes permite desenvolverem as competências de literacia da informação já enunciadas. O uso da tecnologia tem sido essencial para a consecução do projeto.

O uso da tecnologia e das ferramentas digitais permitiram concretizar na prática situações de aprendizagem potenciadoras do desenvolvimento das competências do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória no que diz respeito ao domínio “Saber científico técnico e tecnológico”: manipular e manusear materiais e instrumentos diversificados para controlar, utilizar, transformar, imaginar e criar produtos e sistemas; executar operações técnicas, segundo uma metodologia de trabalho adequada, para atingir um objetivo ou chegar a uma decisão ou conclusão fundamentada, adequando os meios materiais e técnicos à ideia ou intenção expressa; adequar a ação de transformação e criação de produtos aos diferentes contextos naturais, tecnológicos e socioculturais, em atividades experimentais, projetos e aplicações práticas desenvolvidos em ambientes físicos e digitais."


Qual o grau de participação e de envolvimento dos alunos?

Através do envolvimento de turmas inteiras na produção de conteúdos para a TV na Maior, o grau de participação dos alunos e dos professores é elevado, tendo aumentado com as propostas de trabalho dos conselhos de turma no âmbito do Domínio de Autonomia Curricular. Este domínio corresponde a uma área de confluência de trabalho interdisciplinar e de articulação curricular que resulta do exercício de gestão de flexibilidade do currículo para o qual se convocam várias disciplinas.


Que estratégias e instrumentos de avaliação foram utilizados?

A monitorização e avaliação contínuas recaem sobre os processos de trabalho e visam o fornecimento de um feedback regular aos alunos. Assim, temos implementado momentos de análise de processos e produtos, através da aplicação de listas de verificação e rubricas de avaliação, eanalisado as perceções dos alunos sobre o impacto do projeto nas suas aprendizagens, através da realização de focus groups.

Nos casos do trabalho com as turmas no âmbito do projetos inseridos no Domínio de Autonomia Curricular, a avaliação da participação dos alunos é feita no âmbito de cada disciplina com ênfase na autoavaliação e na avaliação formativa com feedback aos alunos, obedecendo a avaliação quantitativa dos trabalhos a critérios previamente definidos pelos docentes de acordo com o Referencial de Avaliação do Agrupamento. Do ponto de vista dos alunos de audiovisuais, a participação é avaliada em todas as unidades de formação da componente tecnológica do curso e, de acordo com o Referencial de Avaliação, as aprendizagem a adquirir têm expressão nos seguintes domínios: Conhecimentos (científicos, comunicativos e técnicos) e Aplicação de Competências (Científicas, comunicativas e técnicas). A monitorização de todas as atividades é da responsabilidade do corpo docente que leciona estas unidades de formação, uma vez que os alunos são agrupados em pequenos grupos de trabalho. Por regra, cada equipa é constituída por 3 a 4 alunos e cada elemento tem uma função. Cada grupo vai desenvolvendo o projeto nos tempos letivos em gestão com as restantes propostas de trabalho. Assim, o processo para a produção de qualquer produto audiovisual reflete-se na aquisição de um conjunto de competências: saber comunicar com a equipa de jornalistas para desenharem o guião técnico e definirem a lista de equipamentos necessários para dar resposta à fase de produção (pré-produção); cooperar em equipa e trabalhar autonomamente (produção); gerir funções e organizar material para a edição (pós-produção)."


Quais foram as principais conclusões e avaliações tiradas após colocar em prática essa experiência?

A grande mais-valia do projeto é o impacto de todo o processo de trabalho nas aprendizagens dos alunos, o que nos leva a concluir que os alunos estão predispostos para este trabalho na área dos média, são sensíveis às questões da desinformação e da necessidade de mantermos meios de comunicação isentos e livres como garante da liberdade individual e dos valores democráticos.

Nas auscultações efetuadas, os alunos apontam a aquisição de aprendizagens várias no âmbito:

- da seleção da informação;

- da comunicação oral e escrita;

- do respeito pelos direitos de autor;

- do desenvolvimento do espírito crítico, da autonomia e da criatividade;

Referem também o crescente interesse pelos meios de comunicação social pelo facto de começarem a perceber como funciona a televisão.

Do ponto de vista dos alunos de audiovisuais, o potencial da TV na Maior tem outro significado, porque permite-lhes colocar em prática os conhecimentos que aprendem nas disciplinas técnicas e sentem-se mais próximos das expectativas e exigências do mercado de trabalho.

Do ponto de vista da dinâmica da escola, este projeto ajuda a reforçar o papel da Biblioteca Escolar como makerspace, uma oficina de trabalho que se expande até ao estúdio da TV na Maior, que é um espaço de trabalho colaborativo onde se aprende experimentando, partilhando e construindo conhecimento e, assim, abrindo caminho para uma cidadania mais participativa. O projeto tem, por isso, uma vertente de educação para a cidadania."


Qual o impacto desta experiência nos alunos e no seu ambiente?

O impacto deste projeto é visível pela observação da melhoria das competências dos alunos:

- na procura, avaliação crítica e tratamento da informação;

- na utilização ética, responsável e crítica da informação em diferentes suportes;

- no respeito pelos direitos de autor;

- no conhecimento e reprodução das estruturas e características de diferentes géneros

jornalísticos;

- nas expressão escrita e oral;

- nos hábitos de utilização autónoma da biblioteca escolar e dos seus recursos;

- nos hábitos e gosto pela leitura recreativa;

- na utilização de ferramentas digitais para colocarem em prática processos criativos motivados pela leitura e pela pesquisa de informação;

- na produção de conteúdos audiovisuais, através do progressivo domínio das técnicas de produção de vídeo, sonoplastia, iluminação, fotografia e do uso das ferramentas digitais de comunicação.

A TV na Maior é uma forma de intervir na vida da escola e da comunidade. Os alunos participantes afirmam a satisfação em poderem transmitir o pulsar das escolas do agrupamento. Referem um maior interesse pelos meios de comunicação social e uma maior facilidade na procura e comunicação da informação, bem como o desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico. Participar na TV na Maior significa também chamar a atenção das pessoas para temas fraturantes, transmitir valores, que formam e educam para a cidadania, mas também eternizar momentos que vão marcar as vidas dos seus colegas, dos seus professores e dos seus pais. Ao ser interface entre a escola e a comunidade, a TV na Maior permitiu também estreitar a proximidade entre a escola e as famílias e, por isso, entre os nossos alunos e os seus pais, bem como aumentar a visibilidade da escola na comunidade local e a nível nacional. A divulgação através das redes sociais e as apresentações públicas do projeto em eventos nacionais e internacionais permitiram que sejamos contactados por instituições externas que connosco querem estabelecer parcerias."


Que melhorias incluiria se repetisse esta experiência?

Apesar de ser se tratar de um projeto em implementação ininterrupta desde 2016, temos integrado estratégias de melhoria da qualidade dos programas e, consequentemente, da nossa intervenção nas aprendizagens dos alunos. Para o futuro, planeamos continuar a envolver mais alunos na produção de conteúdos para a TV na Maior através de propostas de trabalho no âmbito do Domínio de Autonomia Curricular e incluindo alunos de outros ciclos de ensino do agrupamento.


Gostaria de fazer algum comentário adicional?

Página web da TV na Maior: https://www.esmaior.pt/tvnamaior/


Vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=P8qNpP0oNp8


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