Conferência sobre o papel dos média e dos reguladores mediterrânicos na crise dos migrantes e refugiados
A convite da Alta Autoridade da Comunicação Audiovisual de Marrocos (HACA), a ERC participou, no dia 8 de dezembro, numa conferência sobre O papel dos média e dos reguladores mediterrânicos e africanos face à crise dos migrantes e refugiados. A representação da ERC foi assegurada pela Vogal do Conselho Regulador, Fátima Resende.
O evento, que se realizou em Marraquexe, teve a participação de todos os reguladores dos media membros da Rede de Reguladores do Audiovisual do Mediterrâneo (RIRM), que a ERC também integra, e de representantes da Rede de Instâncias Africanas de Regulação Audiovisual e da Comunicação.
A abertura da Conferência coube à nova Presidente da HACA, Latifa Akharbach, que ocupa também a Vice-presidência do RIRM.
Josep Maria Guinart, membro da Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia (CNMC) de Espanha esteve também presente e relembrou que a cobertura mediática da entrada de imigrantes e refugiados no País foca frequentemente apenas os aspetos negativos refletindo sobre políticas enviesadas e pontos de vista superficiais. Disse também que as conclusões que a CNMC apurou sobre o tema indicam que os migrantes e refugiados são rebaixados nas suas próprias histórias e o retrato limitado das mulheres é preocupante. Referiu que são predominantemente retratados como sinónimo de imigração legal e invasão pelo que o maior desafio será o uso de terminologia mais adequada.
Acrescentou que os média europeus frequentemente retratam a migração de uma perspetiva negativa, que é repetida pelos países do Mediterrâneo sul. E que deve ser promovida uma ética jornalística, visto que os valores fundamentais são mais importantes do que nunca para dar voz aos migrantes e refugiados. Rematou dizendo que os reguladores devem ser parte da solução, não podem intervir na linha editorial mas podem ajudar através de diretivas, promoção da literacia dos media e da cooperação entre reguladores.
Ibrahim Sy Savané, Presidente da Alta Autoridade da Comunicação Audiovisual da Costa do Marfim, também interveio e salientou que, hoje em dia, se tornou vulgar falar-se de migração numa informação sem qualidade e não objetiva, realçando a necessidade de os temas relativos a pessoas em situação precária serem tratadas com humanismo.
Leonard Doyle, representante do Organização Internacional da Migração em Marrocos, lembrou que as novas tecnologias não pertencem só aos média e que as redes sociais têm muito peso e que, através destas, se devia dar conhecimentos aos migrantes das condições que vão enfrentar nos novos países.
Bettina Gambert, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR ) em Marrocos, recomendou o acompanhamento pelos meios televisivos destes temas como forma de informar os migrantes dos seus direitos. Referiu, ainda, que estão a formar jornalistas, tendo em vista a promoção da inclusão e que uma das sugestões feitas é a de não juntar a palavra crise a refugiados.
A finalizar a sessão, Latifa Akharbach frisou que uma melhor compreensão do fenómeno migratório e um tratamento respeitoso dos direitos humanos serão a melhor resposta para acompanhar e ajudar os refugiados. Na sua opinião, os reguladores têm um papel essencial na promoção da cultura e tratamento mediático da questão migratória. Nesse sentido, acrescentou que a sensibilização e ações de formação para jornalistas deverão fazer parte das preocupações dos reguladores. «Um migrante não é um número, é uma vida», disse.