A ERC

Projeto ERC sobre consumos de media

Inquérito revela que redes sociais são uma das fontes preferenciais para obtenção de notícias

A maioria dos portugueses que usam a internet consulta notícias nas redes sociais, em especial no Facebook. Esta é uma das conclusões do I Inquérito Nacional desenvolvido no âmbito do projeto da ERC dedicado aos consumos de media, ontem divulgadas na VI Conferência Anual da ERC, pelo coordenador científico do Inquérito, o investigador Gustavo Cardoso.

Este resultado foi, na opinião de Gustavo Cardoso, o dado «mais surpreendente» do inquérito, já que introduz um novo intermediário a considerar nos modelos de negócio a adotar pelos produtores de notícias. Esta opinião foi partilhada por todos os intervenientes no painel “Indústria de média na sociedade digital”, que salientaram as vantagens e desvantagens desta opção, que não deixa de ser positiva, dado que a procura de notícias na internet é a quarta atividade que os inquiridos mais realizam online.

O inquérito, de que foram apresentados apenas dados preliminares, uma vez que foi realizado em setembro e outubro últimos, revelou também que 67,3% dos inquiridos são utilizadores de internet e, destes, 98,1% são utilizadores diretos. Um dado preocupante, na ótica do investigador, é a percentagem de pessoas que não usa a internet por não a achar útil, 16,6%, mas que não anula as perspetivas positivas do número de não utilizadores vir a diminuir.

Outro dado salientado por todos foi a perspetiva de crescimento das pessoas que consideram vir a adquirir conteúdos noticiosos, o que são «boas notícias para os produtores de conteúdos».

Mário Vaz, administrador delegado da Vodafone Portugal, realçou o facto de apenas 5% dos inquiridos não usar a internet por causa do preço, o que revela que o mercado de telecomunicações tem prestado um bom serviço, e a oportunidade criada pelo facto de os consumidores dividirem o seu tempo e a utilização de internet por vários suportes e várias atividades. Já Daniel Proença de Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Controlinveste, salientou que o estudo pode ser uma grande fonte de informação para os “donos” dos media e que encontramos novos players no mercado, com novos distribuidores de informação, como é o caso do Facebook.

António Beato Teixeira, vogal do Conselho de Administração da RTP, destacou a confiança que os inquiridos revelam no seu “círculo de amigos”, no Facebook, como fonte de informação, e Pedro Braumann, membro da Direção da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, defendeu que o digital constitui uma “janela de oportunidade” para os meios de proximidade, alertando para a necessidade de adaptação dos modelos de negócio. Modelos agregadores e colaboração com distribuidores podem ser opções viáveis, considerou, além da aposta em mais conteúdos nacionais, que parecem ser, cada vez mais, uma preferência.


Estudo da Roland Berger realça papel dos novos players da informação

António Bernardo, partner da Roland Berger Consultants, apresentou o estudo “Media 2020” com algumas conclusões e propostas sobre a reestruturação do mercado da informação, onde salientou a tecnologia como «driver da mudança». Em destaque está a alteração do papel do consumidor, que era apenas isso, um consumidor da informação, mas que hoje é «produtor, agregador, conectado e ubíquo», e o aparecimento dos “over the top players”, como o Google, que têm a capacidade de comunicar “one-to-one” com os consumidores de informação, com uma capacidade de diferenciação sem precedentes.

O especialista da Roland Berger desafiou os participantes na conferência afirmando que os produtores de informação não estão a saber usar todo o manancial de informação disponibilizado pela utilização das redes sociais e da internet, informação usada pelos “over de top players”, que ficam em clara vantagem. Esta, segundo António Bernardo, é ainda uma área muito subaproveitada por parte dos media.

O crescimento das receitas publicitárias no meio digital é igualmente uma ameaça e uma oportunidade apresentada pelo estudo, já que, se por um lado ameaça os suportes mais tradicionais, por outro lado abre a porta à expansão para o digital e para a multiplataforma no que toca a novos modelos de negócio. As tendências internacionais parecem ser, como referiu António Bernardo, a expansão para os negócios digitais, a especialização em nichos de mercado (regionais, por exemplo) e a otimização da produção de conteúdos, criando o que chamou de «fábricas de conteúdos».

Perante um diagnóstico do mercado português com empresas pequenas, muito endividadas, pouco rentáveis e com marcas locais, com o consumidor a evoluir de acordo com as tendências internacionais, e as receitas de publicidade a migrar para o digital, António Bernardo avançou com a proposta de três linhas de atuação principais: a utilização estratégica dos dados dos consumidores, os “Big Data”, a consolidação do setor (através de parcerias, redução de títulos, etc.) e as parcerias estratégicas e internacionais, nomeadamente com os PALOP.

Na análise deste estudo, Daniel Proença de Carvalho salientou a necessidade de explorar o digital, e também alertou para a «concorrência desleal» dos novos distribuidores e agregadores de informação, que urge combater, já que, além das vantagens fiscais de que beneficiam, usam indevidamente os direitos de autor dos produtores.


Rosalia Lloret defende redações multimédia e multiplataforma

Rosalia Lloret, especialista em desenvolvimento digital e responsável de relações institucionais da Online Publishers Association, fez um apanhado das tendências mundiais nesta área, defendendo que hoje o modelo de organização dos media deve assentar numa redação que trabalha 24 horas por dia, em formato multimédia e multiplataforma. Todos devemos ter capacidade de responder às mudanças do setor, alertou, porque temos novos players, e as audiências estão hoje “em peso” no digital.

Além disso, e apoiando a opinião de António Bernardo, é fundamental usar as informações dos nossos clientes. «Passámos de não saber nada sobre os nossos clientes, presumindo que sabíamos o que queriam, para uma fase em que sabemos as mais variadas informações», podendo assim oferecer conteúdos diferenciados e adaptados a cada perfil.

 

 

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