Yves Poulett, na conferência da ERC
O indivíduo tem "um direito à opacidade e a ser reconhecido pela sua diferença", defendeu o professor belga Yves Poullet, no segundo dia da Conferência da ERC, numa reflexão centrada nos riscos da massificação das tecnologias.
"Actualmente há enormes desafios em relação à protecção de dados", advertiu o professor da Universidade de Namur, a começar pela garantia da vida privada. Este espaço de "opacidade", onde o indivíduo se protege de ser visto e ouvido por terceiros, "hoje está em perigo".
As tecnologias (os seus administradores) monopolizam o controlo de informação e a sua memória é absoluta. "Nos computadores não se sabe por onde circula a informação e tudo fica guardado", sublinhou.
Estejam as tecnologias orientadas por uma lógica de segurança pública ou económica - o cibermarketing penetra cada vez mais no quotidiano -, na sociedade da informação o indivíduo é integrado em perfis definidos por racionalidades estatísticas. "O indivíduo consegue controlar o perfil que dele é traçado?", questionou.
Yves Poulet utilizou a metáfora do "Big Brother" para ilustrar as crescentes assimetrias entre quem controla a informação e aqueles sobre os quais se detém essa mesma informação. A falta de transparência no funcionamento da sociedade da informação é um "problema real", notou, lembrando várias decisões do Tribunal Constitucional alemão neste sentido.
Rematando a sua apresentação, o professor exortou à acção dos cidadãos na protecção dos seus dados pessoais e ao seu envolvimento numa ética da discussão pública.
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